quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Lutero afirma: o batismo é por imersão!




A vasta maioria das igrejas históricas, tradicionais, batizam por aspersão, e praticam o pedobatismo (luteranos, presbiterianos e metodistas originais por exemplo).

No entanto, considerado praticamente o pai da Reforma Protestante, surpreendentemente vemos Martinho Lutero declarar sobre a forma correta de batizar:

"...gostaria eu que os que vão ser batizados fossem submergidos totalmente na água, tal como soa o vocábulo e designa o mistério. Não julgo necessário, mas seria bonito dar a uma coisa tão perfeita e plena também um sinal pleno e perfeito, tal como Cristo, sem dúvida, o instituiu." (Do Cativeiro Babilônico da Igreja, pg. 67,68, Ed. Martin Claret)





Vamos refletir:
1. Lutero gostaria e achava bonito o batismo por imersão.
2. Lutero admite que o vocábulo batizar significa imergir (à pg. 64 do mesmo livro também tem esa afirmação).
3. Apesar disso Lutero disse não julgar necessário, mesmo admitindo que esse foi o modelo instituído pelo próprio Cristo.

A pergunta é, ou são:
a) Lutero tinha mesmo intenção de restaurar o modelo de Cristianismo perfeito e original?
b) Se a forma do batismo foi alterada na Igreja, em 1520 quando Lutero escreveu este livro, já era uma tradição o batismo por aspersão, e de bebês.
c) Por que era interessante continuar batizando por aspersão?

Vale lembrar que o livro trata de crítica e análise aos 7 sacramentos da Igreja de Roma - e a respeito do sacramento do Batismo, Lutero afirma:

"Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que segundo a riqueza de sua misericórdia conservou pelo menos esse único sacramento em sua Igreja, ilibado e incontaminado pelas prescrições dos homens." (pg. 58)

Vamos refletir novamente:
1. Luero ainda cria que a Igreja Católica era a Igreja de Deus;
2. Lutero diz que dos 7 sacramentos o único que foi mantido ileso era o batismo, ou seja o batismo católico é perfeito;
3. Se Lutero disse que o modelo instituído por Jesus é a imersão, quem foi que mudou para aspersão? e como poderia isso se harmonizar com a afirmativa de que "o sacramento do batismo estava incontaminado pela prescrição dos homens"?





Concluo que:
1. Lutero não pretendia restaurar a Igreja em sua forma original - mas promoveu uma faxina nos excessos, e preservou a estética da Igreja Católica que ele julgava conveniente. Por defender o batismo de crianças - é lógico que a aspersão era a forma mais prática para isto.
2. Apesar de ser muito democrático nas suas colocações, dando espaço ao pensamento divergente, Lutero conclui seu livro com dizeres que nos parecem pretensiosos no sentido da verdade revelada:

"Aqui ponho um fim a este prelúdio que ofereço com prazer e alegria a todos os piedosos que sejam conhecer o verdadeiro entendimento da Escritura e o uso legítimo dos sacramentos." (pg.166)

Potanto Lutero sugere que estava transmitindo o verdadeiro entendimento da Escritura. Pressupoõe-se pelo verdadeiro a existência do falso entendimento, e Lutero diz que o seu entendimento, neste caso, é o verdadeiro. Além disso no texto complementar do referido livro cita-se Lutero a dizer: "Quantos mestres diversos seguirá o próximo século? Cada um desejará fazer-se seu próprio Salvador; e, então, quantas dissipiações, quantos enormes escândalos..."

Neste ponto o Dr. Lutero estava certo, haveriam muitas dissipações, e muitos escandâlos.. estão aí os líderes religiosos evangélicos que não nos deixam em dúvida disso...

2 comentários:

  1. Saudades de voce mano!

    Muito tempo que não lhe vejo, gostei muito das Matérias expostas acima.

    Passei para deixar meu comentario sobre Lutero.

    Lutero recuperou muitas coisas da pureza doutrinária, mas infelizmente não chegou à questão do batismo por dois motivos:


    1 - Teve que dedicar-se à reorganização civil dos principados alemães devido ao vácuo organizacional advindo da rejeição dos princípios utilizados até então, que haviam sido administrados pela igreja católica, em detrimento do avanço no fundamentalismo intitucional da igreja.

    2 - O batismo era fator importante no controle civil naquele tempo, pois ali era feito o registro da população, e esse registro era utilizado para lançamento de impostos, convocação para cumprimento de deveres civis, inclusive guerras, e muitas outras coisas, e todo o controle civil era ligado à religião, e ao batismo, que era administrado logo que a criança nascia, e dele dependia.

    Talvez Lutero nem tivesse idéia de como poderia ser realizado o controle civil da população de outra maneira, e nem como poderia se realizar a separação entre a igreja e o estado.


    Foram questões gigantescas que os reformadores tiveram de enfrentar, inda mais que entraram em litígio direto com o mundo católico e com o mundo muçulmano, que tinha bastante força e já perturbava bastante em todos os campos, inclusive no militar o mundo de então, sem falar nos resquícios do império dos tártaros e mongóis, cujos últimos generais já eram muçulmanos.

    Infelizmente o espiritual foi relegado a segundo plano, e a maioria dos líderes protestantes posteriores não teve o mesmo interesse de Lutero em fundamentar todas as práticas cristãs naquilo que Deus estabeleceu, e que consta nas Escrituras, e essas formas erradas foram sendo transmitidas aos novos crentes e se perpetuando até aos nossos dias em muitas igrejas, inclusive naquela em que sou membro, mas não é por isso que deixo de reconhecer o certo e o errado nessa questão, bem como procuro fazer em outras também.

    Aproveite as Férias um abraço do seu amigo e mano Well!

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    1. É verdade que o vocábulo grego baptizô e baptô significam também "imergir ou mergulhar", como eu disse "também" e não exclusivamente estes significados. O termo grego em questão tem um amplo significado: tingir, molhar, aspergir, borrifar, limpar. Evidentemente que Lutero tinha este conhecimento, pois teve em suas mãos cópias de manuscritos dos originais grego e latim do Novo Testamento, mas não sei por qual razão não mencionou estes outros significados em seus argumentos, onde diga-se de passagem a grande maioria dos que criticam o método aspercionista desconhecem estes outros significados, métodos hermenêuticos e exegéticos dos textos aplicados à baptizô e baptô e que existiam várias formas de batismo após o século 1 EC.

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